sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Hoje eu vi o Gérard Depardieu

Hoje eu vi o Gérard Depardieu na rua. Ele tava fazendo um filme, que é o que se espera do Gérard Depardieu. Ninguém imagina encontrar o Gérard Depardieu na fila do pão, passeando com o cachorro ou andando de bicicleta. Se isso ocorresse, a gente logo pensaria: “Caramba, aquele sujeito é a cara do Gérard Depardieu”. Mas como ele estava posicionado exatamente em frente a uma câmera, eu não tive dúvidas de quem se tratava.

Quando eu passei pela rua onde cruzei o Gérard Depardieu, muita gente havia parado para vê-lo, algo absolutamente compreensível, pois fiz o mesmo. Do lado dele havia um carinha de barba que eu conhecia de algum lugar mas agora sou incapaz de dizer de onde. De qualquer maneira, ele vai ficar pra sempre na minha memória como “o carinha de barba que estava ao lado do Gérard Depardieu na rue d’Aligre”, mesmo que um dia ele raspe a barba.

Depois dessa vicissitude de encontrar o Gérard Depardieu e ele não ter nem olhado pra mim, fiquei pensando que deveria escrever uma crônica a respeito. Afinal, não é sempre que a gente esbarra com o Gérard Depardieu, mesmo morando em Paris. Eu já vi por aqui a Laetitia Casta andando ao lado de dois carinhas, o Romain Duris descendo da motocicleta e o sujeito que faz a série sensação Bref atravessando a rua no sinal. Já vi até o Paul McCartney e o Roger Waters, mas pra isso tive que comprar ingresso, então não vale.

Gastei bons minutos imaginando que diabos eu poderia dizer nessa crônica, além do fato óbvio de ter estado no mesmo espaço-tempo que o Gérard Depardieu. Não cheguei a nenhuma conclusão e comentei o fato inesperado com uma amiga. Ela disse que um dia ele já fora bonito e hoje era muito feio, com o que prontamente concordei. E ainda acrescentou que se ele continuasse engordando desse jeito muito em breve nem para o papel de Obelix serviria mais.

Logo depois fui à feira comprar legumes e comentei com o vendedor que havia visto o Gérard Depardieu fazendo um filme. Ele me perguntou quem era esse sujeito. Aí eu me dei conta de que não havia importância nenhuma o fato de eu ter encontrado com o Gérard Depardieu, estivesse ele em frente a uma câmera ou não. Encerrei o papo, peguei duas abobrinhas e fui pra casa cozinhá-las.

7 comentários:

Dodô disse...

Chéri, não se angustie. Um dia você vai descobrir a importância desse encontro no espaço-tempo (gostei dessa, parece coisa de Einstein filosofando). Quando era criança cruzei com Nelson Rodrigues na calçada da rua Joaquim Nabuco, em Capacabana, e depois pude contar para meus filhos, que aliás não deram a menor importância ao feito. Mas afinal não é todo dia que se vê Gérard Depardieu ou Nelson dando mole na rua. Forrest Gump valorizaria...

Não importa disse...

Hahahaha... Tira toda a importância do acontecimento, mas escreve (e mto bem) sobre ele mesmo assim. Adorei o comentário de Dodô.

Renata G.F. Scarpino disse...

A M E I a crônica!!!
Que facilidade para articular as palavras com leveza e humor, como propôs seu texto!!;)
Estou seguindo seu blog já faz um tempinho, pois o assunto "Paris" tem me interessado e muito.
Vou com meu marido passar o reveillon e ficar metade de janeiro...
Vou ler suas dicas e ideias, posso?
Um grande beijo e ótimo dia!!

P.S: muuuuuito frio aí?

Camila Santos disse...

Eu nunca vi o Depardieu, mas já vi o Dedé (o Santana, o próprio) em uma loja de discos em um shopping. E daí? Pois é, e daí? :)

Dodô disse...

Camila, é realmente marcante ver o Dedé no shopping. Mas impressionante mesmo seria ver o Mussum hoje à tarde, na esquina, comendo pipoca. Porque o Zacarias o próprio Chéri viu um dia desses na Praça 15, no Rio, fazendo trapalhadas. Eu também vi.

Ana Veloso disse...

Ótima crônica! Na primeira vez que li este blog já detectei logo um escritor profissional ;) Fuçando um pouco mais descobri que tinha razão!
Também queria ter encontrado o Gérard Depardieu, apesar de concordar que isso não tem utilidade nenhuma. Mas já posso me considerar satisfeita, uma vez peguei o mesmo avião que a Hebe pra ir de Paris pro Rio. Foi uma gracinha!

Anônimo disse...

Tu écris très bien!! J'adore lire ton blog!