Em três anos de existência (and counting) esse blog publicou uma nova crônica todas as sextas. Hoje é a primeira vez que isso não acontece. E o motivo está aí ao lado. É que a Brazuca, revista da qual sou editor em Paris, acabou de lançar uma edição inteira dedicada ao Chico Buarque, contando um pouco de tudo o que ele já fez.
Tem matérias sobre sua música, sua literatura, seu pai e até sobre as suas peladas (o jogo!, o jogo!) semanais. Mas o melhor é que conseguimos uma entrevista exclusiva, a primeira que ele dá em muito tempo.
E você pode ler tudo isso, em português e em francês, baixando o PDF da edição no site da Brazuca.
Pra não ficar aquela sensação chata de vazio por aqui, reproduzo abaixo o editorial que escrevi para a revista.
Boas leituras!
O mais desconcertante em Chico Buarque não são suas músicas. Já sei, é a literatura, alguém pode dizer. Também não, afirmo. Então é o posicionamento político na época da ditadura, outro arrisca. Ainda não está lá, ainda não. É o futebol, o futebol!, um fã empolgado sugere. E mais uma vez eu diria não, negando pela 3ª vez.
Mas o que é, então?
É a sua simplicidade atordoante. Chico é uma espécie de Deus no Brasil, e a gente fala disso com ele na entrevista. E ele mostra que essa ideia é uma grande bobagem. E a gente acredita nele, porque ele acredita no que diz.
A sua criação artística é tão importante para a cultura brasileira que parece sempre ter estado lá, à nossa disposição. E Chico conversa sobre a sua obra como se não a conhecessemos de cor, não com falsa modéstia, mas sincera humildade.
O mais desconcertante em Chico Buarque é que ele parece não saber que é Chico Buarque. E é exatamente isso o que o faz sê-lo.
A mãe de Belle & Chico também suspira pelo compositor - www.bellechico.com.br