Com a nova debandada de D. João, dessa vez de volta à terrinha, seu filho D. Pedro I herdou a coroa. Não a mãe, que tinha retornado também, mas a de ouro. Logo depois tornou-se imperador, um cargo de mais honra do que o de rei, o que não era muito difícil nesse caso.
Em um ato de bravura, ou talvez enjoado de comer bacalhau, D. Pedro I disse "se é pra felicidade do povo, eu fico". De uma só vez, rompeu com a corte portuguesa e criou o populismo à brasileira. Mais tarde quebrou a promessa e foi-se também, inventando então a prática do "eu não falei o que eu disse" e a demagogia à brasileira.
Com o trono vago, foi a vez de júnior receber de bandeja a mamata. D. Pedro II, o pivete, foi deixado pelo pai aos 5 anos e assumiu o cargo aos 16. Apesar de toda precocidade, é curioso perceber que ele, sempre barbado e velho, consegue a façanha de ser mais idoso do que o próprio pai, always de bigode e serelepe (e que ainda traçou a marquesa de Santos).
Depois da queda da monarquia, o Brasil entrou numas de tédio. Essa coisa de vir um presidente depois do outro era muito démodé naquela época. Então a solução foi criar novos monarcas para toda e qualquer especialidade. A primeira tentativa foi quando elegeram o Silvão, do cais do porto, como o rei dos estivadores, em 1891. Fato não comentado além das redondezas.
Mas aí veio mais, muito mais. Veio o rei do futebol, o rei do rock, o rei do gado, o rei do queijo, o rei do cangaço, a rainha da primavera, a rainha da torcida, a rainha da bateria, o príncipe das tecelagens, a princesa das meias e o escambau.
Pois na França, menos pacientes, eles decidiram passar a lâmina nos monarcas em geral. E tem bem uns duzentos anos que não se fala mais nisso.
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3 comentários:
Ótimo, como sempre.
Adoro história. Mas devo reconhecer que fica ainda mais interessante quando é a sua versão. (:
Estou assistindo a minisérie Os Tudors e estava pensando, depois de um capítulo de pura prepotência, insanidade e crueldade do Henrique VIII, por que será que os ingleses até hoje veneram e aceitam que exista uma patética família real?
O outro, o Imperador do Flamengo, embaixador dos morros, é que tem me incomodado, muito, ultimamente.
Quanto à família real inglesa, é que os ingleses ainda se acham o supra-sumo da humanidade...
quem foi rei nunca perde a majestade!
Daniel... a família Cariello vai aumentar? Ouvi uns boatos!
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