
Há pouco menos de dois anos, ele e a esposa, em lua-de-mel, vieram nos visitar. Foram os primeiros amigos a compartilharem a minha então nova vida na cidade-luz. Tudo aqui ainda era meio desconhecido pra mim, e foi nessa época que descobri as framboesas. Se não me engano, estava junto com eles quando as provei pela primeira vez. Ao partirem, desejamo-nos votos mútos de "felicidades nessa nova fase". Além de saudades, deixaram de presente uma pequena framboeseira.
No verão, ela cresceu e deu frutos. No outono, perdeu as folhas. No inverno, manteve apenas o mínimo necessário para sobreviver. Veio a primavera e ela cresceu novamente. Em junho, quando o verão recomeçava, voltei novamente ao meu país. Deixei na França a framboeseira, magnífica. E encontrei no Brasil o meu amigo. Se sua saúde já estava bem abalada, seu humor e sua ironia continuavam os mesmos.
No começo do inverno, a framboeseira secou. Julgávamo-la morta. Na mesma época, meu caro amigo, quase um irmão, piorou de vez, para não mais melhorar.
Hoje, recebo a notícia de que ele se foi. Saio à varanda, para tomar ar fresco, e olho para a planta que ele nos deixou. Surpreende-me ver que existem pequenos brotos verdes nascendo, retomando a vida. De certa forma, sinto que ele estará sempre por perto.
15 comentários:
Acredito que a vida seja um milagre. Independente da religiosidade, somente o mecanismo humano funcionando, permitindo ao homem ter sentimentos e conseguir analisa-los, pra mim, já é um milagre. A verdade é que esses milagres duram por um certo período, um mais outros menos. E este milagre, me deixou imensas saudades..
Oi Dani,
sinto muito pela sua perda.
queria só deixar um abraço forte.
Gi
Eu estou lendo um livro em francês e por isso fui procurar no google um dicionário, então por acaso achei esse blog aqui. Comecei a ler os posts e realmente amei! Esse foi um dos mais lindos que já vi em um blog até hoje. Sinto muito sua perda (2) e torço sinceramente para que sua framboeseira continue sempre viva, você pode se surpreender muito com os frutos que ela ainda pode dar. ;)
...sinto muito, Daniel...
(...lirismo, mesmo na tristeza...)
Muito lindo o que você (tem acento?) escreveu e também triste,dá vontade de chorar, principalmente para nós que o conhecemos e vimos a sua batalha pela vida. Acho que ele deve estar lá em cima nos vendo e quem sabe preparando uma dieta para os anjinhos (talvez um manjar dos deuses). Um beijo bem grande para você e Charlotte. Saudades de mami
Mami está com saudade.
Olá, estava a toa na internet e resolvi procurar blogs de Paris. um da lista foi o seu, com este post comovente e muito bem escrito. mesmo não sabendo nada sobre vocês, me comoveu muito a história, a framboesa, as idas e vindas da vida. tentarei acompanhar seu blog, parabéns pelo trabalho!
Caro Daniel, sou um grande leitor do Chéri à Paris há algum tempo. Quero dizer que sinto muito pela sua perda (3). Tudo de bom para você. Um grande Abraço.
Bernardo
Dani, o texto está lindo! Bela homenagem para alguém tão querido!!!
Beijos!
As framboesas! Também deliciosas por aqui.
Lá fora faz frio. Há muita neve. Li seu texto e chorei. Também tive perdas na semana passada, menos de um ano depois da morte de minha mãe. Não sei quem era seu amigo. Mas sei a dor de perder quem adoramos. Então por isso, e por outras tantas coisas mais, meu abraço terno. Daniel, querido.
Agora, uma mistura de sentimentos e um grande estranhamento perante a morte. Tratamo-nos, eu e a morte, com descortesia. Ainda censuramo-nos muito. Não sou comedida e sábia o suficiente para internalizá-la como algo natural. Menina tola. Mastigo a dor e a perda com uma intensidade tamanha, que me consome e me faz gritar em silêncio.
Uma pausa-framboesa.
Faço-te um carinho. Em você e em sua pequenina framboeseira.
Fiquem bem.
Soraya Salomao
Dani, que lindo! Sinto a perda do Léo. Saudade grande de você, Bia
Daniel, como amante de Paris, estou sempre bisbilhotando os blogs de brasileiros em Paris, e o seu está no meu "favoritos", estou sempre por aqui...Hoje me emocionei com suas palavras, que pena que isto aconteceu, bonito vc. ter a franboeseira pertinho, dando frutos, lembrança viva de seu querido amigo...
Dani,
O Léo iria rir das framboesas...iria achar muito viadinho...mas lendo o que vc escreveu e lógico chorando aos prantos,penso que ele tinha muito de framboesa mesmo.Gentil mas nada enjoativo e com alguns espinhos...Como falou o Cris ontem na missa:o Leléo era um homem de vanguarda.kkk!Vanguarda louca né?Pq precisava ser o primeiro a morrer?Quem vai falar aqueles absurdos agora?As coisas continuam.Prá sempre vcs vão fazer aniversário juntos.Como vamos tirara aquele neguinho da nossa vida?Espero que a gente tenha mais tempo de tentar frutificar as coisas.
É como disse uma amiga em comum: "ele ainda caminha pela estrada, só fez uma curva".
Abraços a todos.
Olá,
acabei de chegar aqui pelo "Conexão Paris", depois "Pedalando"...e estou em lágrimas.
Adorei seu texto e voltarei sempre.
Um abraço apertado.
Adriana - BH
CariellÔ, ainda não tinha lido esse post...caramba, me emocionei muito.
Um abraço tardio e geograficamente distante, mas ainda assim bem apertado.
Gallô.
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