- Quanto custa?
- Quinze.
- E pra mim?
- Quinze.
- Mas eu compro sempre aqui.
- Então você deveria saber que custa quinze.
- Sim, eu sei.
- Alors...
- Você poderia fazer um desconto.
- O preço tá ali, na placa.
- Com uma placa desse tamanho dá pra ver bem o preço.
- Você quer ou não quer?
- Querer eu quero. Mas acho que você precisa cativar os clientes.
- Eu posso contar uma piada.
- Olha lá, o carinha do lado vende por doze.
- Compra dele.
- Não é tão bom.
- Ah... Agora você entende porque cobro quinze.
- E se eu levar duas de uma vez?
- Aí sai por trinta.
- Tá difícil.
- Não, tá fácil. Duas vezes quinze dá trinta.
- Mas não pode ser tão exato assim.
- Eu tenho calculadora. Quer conferir?
- Eu sei quanto dá duas vezes quinze. A questão não é essa.
- E qual é?
- É a pechincha.
- É o quê?
- Essa coisa de negociar preço. É meio esporte nacional no Brasil.
- Pois na França não.
- Tenho um amigo que é capaz de pedir desconto em ônibus.
- C'est vrai?
- Ele pechincha tudo e junta as economias em um porquinho. Quando está cheio, quebra e pega o dinheiro.
- E o que faz depois?
- Compra outro porquinho.
- Vocês são estranhos.
- Bem, vou indo.
- Não vai levar?
- Hoje não.
- Tá bom, pega aqui a sua maçã, por conta da casa. Não vamos brigar por quinze centavos.
- De graça?
- De graça.
- Mas eu preciso de duas. Faz desconto na segunda?
9 comentários:
Dialética pura e aplicada, né não? Gostei! Mas nunca fui a rainha da pechincha. Admiro seu espírito desbravador de preços mais em conta. hahaha
Beijos!
Cariellô, ótimo texto...como sempre!
Beijo.
...que sonho!!! Melhor do que obter sucesso numa pechincha é perturbar tanto a ponto de levar de graça!!! hehehehehe
Adooooooooooooooooooro pechinchar!! Sou a negociadora oficial da turma. Sempre sou convocada para ir às compras com as amigas só pra dar aquela choradinha na hora de pagar...
Cheri,
fantástico texto, como sempre.
Beijo de saudades para vc e pra Charlotte.
Bárbara
Quando eu estava de passagem pelo Vietnã, costumava dizer que quanto mais cara de turista e de idiota você tem, maior é o preço. É muito sem-noção. Peguei um pacote de três dias para um passeio a umas ilhas por lá. Paguei US$ 35 pelo transporte, alimentação, acomodação e etc. Barato demais. Quando tava conversando com a galera do barco, descobri que um tinha pagado US$ 20. Outro US$ 25. E outro US$ 100 (isso mesmo, US$ 100) E nao tinha achado caro, claro, porque no país dele (Inglaterra), três dias de viagem pra qualquer lugar, com tranbsporte, acomodação e alimentação por US$ 100 era uma pechincha.
Outra que me irritou foi comprar um cacho de bananas numa feira nuam cidade do interior do Vietnã e a mulher querer me cobrar 20 mil doncs. O cacho era tipo 100 doncs. No primeiro "O que? Tá louca?" que eu disse, baixou para 10 mil. Bastou um olhar indignado que caiu para 5 mil e assim foi até que a gente terminou quase trocando tapas.
Só o Lonely Planet salva!!!
pirangueiro...
Caraca,
assim tu matas o francês. És um pechinchador de prima! O cara não aguentou, deu-te a maçã.
Bom mesmo. A boa crônica é assim: transformar niquices em literatura de escol.
abcs
kkkk
Adorei! Daria tudo para ter visto esta cena!
Mto bom!
Bjos
Il faut toujours marchander!!!!!!
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