sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Um pateta na Eurodisney

Tá bom, eu confesso: fui à Eurodisney. Se os franceses, que se orgulham de um suposto antiamericanismo, podem, eu posso também. Não é bem um programa que eu tenha planejado fazer. Mas aconteceu de a família vir me visitar, e a Gabriela, minha sobrinha, veio também. No alto de seus quase 3 anos, ela decidiu sozinha e antecipadamente o roteiro do primeiro passeio coletivo: "eu quero visitar a casa do Mickey!". Ninguém ousou discutir.

Despencamos então rumo à filial européia do reino de Walt Disney. E, olhem que legal!, outras 50 mil pessoas fizeram o mesmo, compartilhando conosco um dos dias mais quentes dos últimos anos em Paris, quando os termômetros beiravam os 40 graus. Se o sol a pino garantia a temperatura alta, todos os milhares de amigos do Pluto e do Pinóquio asseguravam um pouco mais de calor, dessa vez humano.

Ali, todos os detalhes remetem a um mundo de magia e de sonho. Mas as filas, essas, são bem reais. Uma volta nas orelhas do Dumbo, por exemplo, exige 60 minutos em pé. A rodada nas xícaras do Chapeleiro Maluco requer outros 45, além de um estômago forte. E se um visitante mais aventureiro desejar explorar as cavernas de Indiana Jones a bordo de uma montanha russa, precisará antes encontrar o Santo Graal da paciência, pois a sentada no carrinho que sobe, desce e dá loop não ocorre antes de uma hora e meia de espera. "Quatre-vingt-dix minutes, monsieur".

A porta da Fantasy Land, a terra da fantasia e ala dos brinquedos infantis, é o castelo da Bela Adormecida. Aquele que a gente vê soltando fogos de artifício nos programas de tevê. Só que enquanto a perua dorminhoca fica lá dentro, roncando por 100 anos, a patetada toda se acotovela do lado de fora. A quantidade de gente amontoada é tão grande que levaria um desavisado a pensar tratar-se da distribuição do sopão comunitário. Mais do que "pagar um mico", quem se aventura por ali acaba mesmo por "pagar um Mickey".

Mas o mais bacana é o lado democrático daquela parada toda. Qualquer um pode levar para casa um pouco da atmosfera onírica lá encontrada. Basta dizer "alakazumba" e abrir a carteira para sacar o cartão de crédito. Aí o sujeito compra para o filho aquela fantasia bacana do Peter Pan, por módicos 70 euros, que vai pinicar o moleque e acabar os dias mofada no fundo de uma gaveta. Mas se o cidadão possuir economias mais modestas, ainda assim terá a chance de presentear o pimpolho com uma lembrança. Como uma miniatura esquecida da Clarabela, em promoção por menos de 20 euros. E não importa se o coitado não conhece a Clarabela. "Não reclama, pirralho, é da Disney!".

Todo esse ambiente vai te inebriando, tomando conta de você, até chegar a hora do clímax: o show com os personagens criados pelo honorável senhor Walt. Eles cantam, eles dançam, eles falam em francês e em inglês, e eles são apenas... eles. Isso mesmo. Não há sinal de Minie, Margarida ou qualquer figura feminina. Apenas o macho adulto branco (ou o rato adulto preto e branco) no comando. Se na França as mulheres conquistaram direitos iguais aos dos homens há algumas décadas, no país Disney, sem fronteiras físicas, a revolução ainda não chegou.

No fim da jornada, a Gabriela exibia um sorriso lindo de felicidade, que fez tudo valer a pena. Mesmo assim, na terra do rato Mickey, tive a impressão de que o pato era eu.

8 comentários:

G disse...

Ah... eu AMO a Disney, tá?!!
E na de Los Angeles tem sim a Minie, a Cinderela, a Alice (do País das Maravilhas), a Margarida, a Branca de Neve... Ah! E o show de fogos de artifício em frente ao castelo da Cinderela é lindo e emocionante!!! Bem, acho que tenho 3 anos, hehehehehe

Unknown disse...

hehehehehe... aventura, heim?!
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Mas, me diz uma coisa: como é a parada das princesas sem as princesas?! Ou são caras barbados que fazem?! Nesse caso, cem anos dormindo, sem fazer a barba, a 'Bela Adormecida' estaria mais para um 'Sasquate Adormecido', heim?! Medo!
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Bjs!

Jú Fuscaldi Rebouças disse...

Ah... eu AMO a Disney, tá?!!
E na de Los Angeles tem sim a Minie, a Cinderela, a Alice (do País das Maravilhas), a Margarida, a Branca de Neve... Ah! E o show de fogos de artifício em frente ao castelo da Cinderela é lindo e emocionante!!! Bem, acho que tenho 3 anos, hehehehehe [2]

PJ disse...

Que estranho... uma menina copiou o comentario da outra. Copy e paste total. Achei excelente. Mesma opiniao, pra que perder tempo?

Pois eu, apesar de nao suportar a Disney, amo seus textos. :-P

Beijos.

Anônimo disse...

ehehehe
não consigo parar de rir.

Ainda bem que convenci meus filhos e sobrinha a não sermos pateta na Disney.

Sinto muito por você ter pagado o pato.

Gabi Goulart Mora disse...

Agora que tive o prazer de ficar amiga da adorável petit Bibi, que também atende pelos nomes de Minie ou Margarida (remediando a ausência feminina na Eurodisney), tenho certeza que toda patetada ficou divertida! Preocupa não que quando ela fizer 5 anos aquele Pluto de pelúcia vai acompanhá-la nas passeatas.
Beijos e aproveitem a terra nostra!
"A outra" Gabriela.

Flavia Lorenzi disse...

ahahahhahahahahahahahahahah!!!!

texto delicioso! não me me aguentei e ri sonoramente sozinha na minha sala nesse domingo de nuvens...
em bruxelas!

adorei!

e viva viva a gabriela!

Déia disse...

Dani, o sorriso da Bibi no final do dia e a alegria dela ao ver o Mickey no desfile foram compensadores! Realmente, a gente faz qualquer patetice por ela!

Beijocas!