A Carol, uma grande (na qualidade, não no tamanho) amiga, tem uma teoria interessante: o seu itinerário no metrô parisiense depende do livro que você está carregando. Se for bom, você pega o caminho mais longo. Se for ruim, o caminho mais curto.
Pensando nisso, faço algumas sugestões - não de títulos, mas de assuntos - e os respectivos trajetos que eles merecem.
. Revolução Francesa
É importante conhecer bem. Mas, acredite, o que se aprende na escola no Brasil é mais do que a maioria dos franceses sabe sobre o episódio. Uma revisada básica já te deixa bem na fita. Vá de itinerário normal.
. Qualquer coisa do Victor Hugo
Para ler Victor Hugo bem lido são necessários silêncio e concentração. Melhor pegar o banco do fundo do penúltimo metrô, que parte por volta da meia-noite. É importante ser o penúltimo, porque o último carrega a leva final de bêbados, e eles não vão entender o seu esforço de fazer um ar superior ao ostentar a capa de Les Misérables. Além disso, se um deles passar mal e der umas golfadas no seu livro, toda a sua pose de intelectual vai por água(s) abaixo.
. Um livrinho de auto ajuda
Pra mim, auto ajuda é quando você socorre o carro em pane do seu amigo. Pode pegar o itinerário mais curto, que você se auto ajuda muito mais chegando cedo em casa.
. Qualquer livro com título em português e as cores do Brasil na capa
Se você quer fazer sucesso na França, deixe saberem que você é brasileiro. Não falo de vestir a camisa da seleção, uma peruca amarela e sair sambando de braços abertos no metrô, jogando confete pro alto. Esse mico pode causar incidentes diplomáticos permanentes. O segredo é ser sutil. E um sutil culto vale o dobro. Se quiser valorizar-se ainda mais, solte umas frases meio sussuradas, misturando português e francês, como "c'est pas possible! Ele vai mesmo matar cette femme". Nesse caso, planeje o caminho mais longo, com muitas trocas. Mas atenção: lembre-se de não sair com um livro que tenha o atacante Ronaldo na capa. Nem preciso explicar porquê, preciso?
. A biografia do presidente Sarkozy
Dê uma olhadinha ligeira no capítulo Carla Bruni, entregue o livro para os bêbados do último metrô (eles sabem o que fazer) e vá a pé.
Há 2 dias
11 comentários:
muito bom esse post 100telha!!
simpatizei muito com o último vagão!
Oi, Daniel! Bom texto!
Fico torcendo poruma continuação, porque a lista foi curta! haha
Abraço.
esse povinho devia ler o tocqueville como auto-ajuda...
Muito bom! Muito bom! Muito bom!
Para o metrô de São Paulo em horário de pico:
-OS SERTÕES, na plataforma enquanto espera passar um metrô que você consiga entrar sem perder alguns membros... dá pra ler o livro todinho e voltar fazendo anotações.
-MINUTO DE SABEDORIA, sabe aquele livrinho minúsculo contendo uma centena de pequenas "frases" e "pensamentos" "positivos" que sua vó te deu e que você não sabia o que fazer com ele?! Pois ele será de grande utilidade DENTRO do metrô de SP em horário de pico. Primeiro porque você só irá conseguir abrir um livro se ele for desse tamanho... minúsculo. Segundo porque você vai precisar de muita "sabedoria" pra agüentar o massacre, a falta de ar e os possíveis e prováveis assédios que sofrerá!
hehehehehe
Exatamente! Tenho lido tanta coisa boa que acho que vou nadar numa piscina mais longe pra dar mais tempo! :o)
MUUUUITA saudade, quero muito te encontrar!
oi daniel!!!
quando fui a paris, até tinha um livro na bolsa, mas preferia ficar olhando pras pessoas ao invés de me concentrar na leituras, mesmo sob risco de levar uns safanões dos franceses, que detestam ser observados... hehehehe.
beijocas.
ps. o milk shake tá de casa nova. passa lá: www.mayramilkshake.blogspot.com
Fala Daniel!
Fiquei adiando pra dar uma boa olhada no seu blog, mas agora tenho certeza q vou fazer com maior frequência! Já soltei algumas risadas enquanto percorria seus últimos posts...
ah, aqui é o Vitor, namorado da Belle, q te conheceu numa festinha no Lago Sul, aniversário da Cibelle, acho...
E confere meu flickr ou site depois: www.vitorschietti.com e www.flickr.com/photos/vitor_schietti
O primeiro é uma seleção q muda ocasionalmente, o segundo eu atualizo diariamente (ou quase).
Grande abraço!
hahahaha
adorei esse blog!
O pior é ler Cem Anos de Solidão na parada de ônibus em Brasília após a meia noite à espera de algum contato imediato de 1o. grau.
No Rio você não consegue ler nada no meio da rua. Carioca é um povo muito barraqueiro. Quando você chegar no climax da leitura pode ter certeza que algum barraco vai fazer vc levantar os olhos para ver o que houve (ehehe. Ou então vai ter algum velhinho simpático interessado em saber se o livro é bom. O máximo que você consegue é olhar O Globo na banca de jornal e ver quem foi o artilheiro do campeonato brasileiro. Ê-lerê!
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