Há 19 horas
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Jingle bells
Natal é Natal em qualquer lugar, não é mesmo? Lojas infernalmente cheias, ruas lindamente iluminadas, preços lá em cima e o espírito capitalista a todo vapor. Tá certo que Papai Noel vem vestido de vermelho, evocando na cor o ideal comunista, mas vale lembrar que foi a Coca-Cola que criou esse personagem do bom velhinho como o conhecemos hoje.
Enfim, tem essas coisas que são comuns aos natais do mundo todo. Não importa se você está em Brasília, em Caracas, em Tóquio ou em Paris. Por isso, apesar da beleza do Champs-Élysées cheio de luzes e do frio que já bate forte, remetendo aos filmes natalinos, a melhor surpresa não é o que encontrei na França. É o que não encontrei.
Falo dele, que nessa época está presente na quase totalidade dos lares. Que ocupa um papel de destaque nas mesas das famílias brasileiras. Que dá as caras em todos os intervalos comerciais da TV. Dele, que é onipresente, e cuja existência eu não consigo compreender.
Falo do panettone, claro.
Nessa época do ano, o panettone prolifera no Brasil na mesma velocidade que o vírus da gripe multiplica-se na França. Mas creio piamente que o segundo é menos nocivo. A gripe vem sem avisar e te deixa de cama uma semana, mas um dia vai embora. E você fica mais forte depois.
O panettone você compra. Você paga por um pão sem graça recheado de frutas cristalizadas. E há poucas coisas no mundo mais inviáveis do que frutas cristalizadas. Pickles, talvez. E o pior é que o panettone não vai embora depois. Fica lá um ano, se deixarem. Eu nunca vi um ser inteiramente devorado. Normalmente alguém diz: "olha que delícia, um panettone". E tira um naco nababesco. Uma semana depois você encontra o prato do mesmo cidadão com a fatia quase inteira, abandonado embaixo do sofá ou atrás da estante. E o resto da iguaria - se é que podemos aplicar essa palavra ao caso - permanece imóvel, tal qual a Vênus de Milo. E como ela, assim deveria ficar para sempre, de preferência restrita aos museus.
Um dos traumas da minha infância aconteceu em uma véspera de Natal, quando estava com a minha avó em um shopping. Não bastasse aquela ambiência de formigueiro, ela inventou de fazer compras no supermercado. Aí saímos trombando com milhares de desesperados que tinham deixado pra procurar presentes na última hora, enquanto carregávamos sacolas cheias de... panettones. Tinha os clássicos, com as temidas frutas cristalizadas; os de chocolate, para enganar as crianças; e provavelmente uma versão gremlin - porque o panettone, assim como o vírus da gripe, agora é mutante - com doce de leite, goiabada ou outra aberração qualquer.
Pra não dizer que não tem panettone por aqui, ontem eu vi um. Estava num cantinho do supermercado, perto dos venenos contra baratas e dos sprays que destroem a camada de ozônio. A coisa boa de se estar na França é que aqui eles não brincam com comida.
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13 comentários:
Como sempre, adori! Só não gostei mais porque sou do time dos que gostam de panettone. Tudo bem. Pelo menos eu já sei o que NÃO levar de presente quando for te visitar. :o) BJIM
Cheri,
Eu gosto de chocotone essa derivação gremilin do panetone. Esse ano to fugindo dele (isso mesmo, aqui no Brasil os panetones e derivados nos perseguem) e ao contrário da sua casa, na minha, ele não dura nem um dia (como tudo sozinha).
bjoca
Barbara
Frenético, cara!
Picles são mais comidos que panetones por conta do markdonaldis... mas é tão ruim quanto!
Se bem que o chocotones do Jorge do Pão eram gostosos...
Trauma de panettone~!!! Já eu tenho trauma de palhaços e Papai Noel...
Dani, tava lembrando do dia no shopping com a vovó antes mesmo de terminar de ler o texto. Realmente, foi um trauma de criança. Não consigo lembrar o nome do panettone, mas lembro que ninguém queria passar vergonha carregando aquela coisa esquisita...
Beijos!!!
Panettone é oriundo da Italia, um pais bem chato que nos vamos surrar no proximo Euro 2008.
Mas baby preciso te dizer uma coisa! Pois foi aqui que eu comi o ÚNICO panettone bom da minha vida! Quem comprou (num traiteur chique, óbvio) foi a Dani prima do Larcher. E eu comi até o último pedacinho. Pena que não sobrou nada pra te mostrar! :o) Beijo. PS IMPORTANTE: HOJE TEM FEIJOADA. E NÓS VAMOS.
Ah, eu nao como panetonne por falta de habito. Mas tava rolando um aqui no trabalho e na hora do aperto sempre pegava um pedaço. O que me deixa mais curioso é que todo mundo faz o panetonne de forma que ele grude no papel que o envolve. Fica uma coisa nojenta, misturando papelão com rango. palha.
Abaixo o Panetonne!!!
Nossa, concordo super. Pra mim ninguém gosta de panetone. Só finge para não se sentir excluído nessa época do ano...
Gostaria de defender o panettone e penso que o blog precisa voltar a uma posição mais equilibrada, menos emocional e... não radical. O radicalismo não leva a nada. Eu adoro frutas cristalizadas, aprecio passas e creio que poucas coisas podem refletir melhor o espírito natal/ano novo que um panettone em desconstrução pelo fim de dezembro e invadindo janeiro, em meio àquele mofo essencial, quase imperceptível. Por outro lado, sei que o autor do "post" é capaz de preparar e comer um prato de miojo de madrugada, o que, para quem não sabe, é o primeiro passo depois de comer m...
Vou defender o time dos pro-panetone! Eu aaaaamo panetone (o classico, nada de variações) e ele esta na lista das coisas que mais sinto falta do meu Natal no Brasil. Ahhhh Panetone! Confesso que vez ou outra vou na sessão "Italia" nos supermecados franceses pra achar um. As vezes dou sorte! :D
Dani, ri demais com essa! Panetone só serve pra dar azia, credo! Ainda mais que, de uns tempos pra cá, todos os bolos tem exatamente o mesmo gosto: Baunilha artificial. Então temos as variações bauchocolate, baulimão, baumorango, baularanja, enfim, tudo tem o mesmo gosto infeliz dessa porcaria. Não sei se você se lembra daquele bolinho 'Ana Maria', que até foi reeditado, pois é... acabaram com o bolinho. Antes era bem gostoso (isso nos anos 80), tinha sabor de chocolate mesmo, mas agora... humpf! Ainda sobre o panetone, aqui em BsB já não se relaciona somente com o natal, já que o Arruda, aquele imbecil, andou distribuindo tais quitutes, lembra? Pois é... não anda muito popular, não! ;) Beijos e saudades!!
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