sexta-feira, 1 de maio de 2009

Guynemer

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Para ler escutando: Brindisi (ária da ópera La Traviatta, de Verdi)

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Georges Guynemer foi um exímio aviador francês. Um herói da I Guerra Mundial. Pilotou com maestria em uma época em que entrar em um avião era mais perigoso do que discutir com sogra em almoço de domingo. Destemido, venceu dezenas de batalhas e foi derrubado seis vezes. Na sétima, alvejado por um alemão, desapareceu para sempre, em setembro de 1917.

Em dezembro do mesmo ano, no Rio de Janeiro, nasceu Guynemer Brasil Otero. Batizado em homenagem ao mito, seguiu uma trajetória não menos interessante.

O Guynemer brasileiro adorava contar que bebera com Noel Rosa e frequentara a casa de Carmem Miranda. Que vira Chiquinha Gonzaga e Villa-Lobos ao vivo. E, dizem, foi o único a dar uma surra no temido Madame Satã, em plena Lapa carioca dos anos 30. Mas não sobraram outras testemunhas vivas do famoso encontro. E a vítima, constrangida, negou-se até o fim a comentar o humilhante episódio.

Mas nada na vida de Guynemer era convencional, e ele casou-se com a noiva Anileda em 15 de julho de 1950, um dia antes da fatídica final entre Brasil e Uruguai, no Maracanã. Se a vitória da seleção não ocorreu, a união dos dois durou mais de cinco décadas.

Há muitas outras histórias - várias delas ainda não comprovadas - sobre Guynemer. Uma diz que ele teria ensinado canto lírico a Bidu Sayão. Outra afirma que ele era capaz de conversar com os cachorros. E uma terceira ainda jura que nunca houve homem mais rápido nas piscinas. Mas uma unha encravada, resultante da citada briga com Madame Satã, o teria impedido de ir às olimpíadas de Berlim, quando estava no auge atlético.

A última de suas façanhas ocorreu no sábado passado, quando houve o encontro esperado há 91 anos: o Guynemer francês e o brasileiro finalmente se conheceram. O aviador foi levar meu avô para um passeio pelos céus.

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Leia aqui um texto do meu irmão Pedro Cariello, contando um pouco mais da história de Guynemer.

10 comentários:

Cidade Cognitiva disse...

boa lembrança esta do blog do Pedro! histórias ao pé da fogueira ou fogão ao lenha. vão se os anos e a gente aqui indo todos juntos ao sabor dos ventos da memória que venham mais brisas temporais. abs forte a netos, netas, bisnete e a filha. que velhinho hein! estas figura que eu tb conheci rapidamente, mas com certeza deveria ter conhecido melhor...

Gabi Goulart Mora disse...

Quer dizer que Seu Otero, entre tantas peripécias (não me esqueço da francezinha com olhos da cor do mar) também trazia já de batismo uma conexão Rio-França? Abraço forte pra sua mamis e todos vcs.

Juliana disse...

Madame Satã...isso define exatamente pq vc é assim...

Marisa Muros disse...

Os irmãos Cariello são tudo de bom...

Unknown disse...

Coincidência falar contigo e você estar aqui em Brasília.

Como disse pro Pedro, a idade avançada torna as coisas mais fáceis, ainda mais com a vida que seu avô parece ter levado.

Era peralta esse, hein? Deve ter aproveitado!

Numa hora dessas deve estar lá no céu tentando dar o troco ao Manfred Von Richthofen, o famigerado Barão Vermelho!

Unknown disse...

Você deve ter suas fontes em Francês mas aqui parece ter muita informação.

http://www.historynet.com/georges-guynemer-frances-world-war-i-ace-pilot.htm

Soraya Salomao disse...

Beber com Noel Rosa, ensinar canto lírico e conversar com os cachorros não é mesmo para qualquer um. Esse seu avô é avô-poesia repletando vidas de prosas, canto e alegrias. Sim, parece ter sido uma vida farta de experiências, satisfeita. Bonito isso!

E um dia voaremos todos.

Saudações ao seu avô-poesia. E a você um abraço terno.

Soraya

Carol Nogueira disse...

Vô e vó quando vai embora deixa um pedaço deles na gente... Rega essa saudade com carinho, meu amigo. Com o tempo ela fica boa e passa a fazer companhia quando a gente está triste. Fuerza.

Flor Falante disse...

Ahh Dani...
O que dizer?
O céu é o lugar das estrelas e puerilmente dos avós, da nossa gente querida.
Um dia nos encontraremos todos!
Um abraço gigantesco da sua amiga aqui!
Fique bem, te amamos muto!

Flávia

Cassio Loretti disse...

Que o Grande Espírito conserve essa sua forma linda de poetizar as coisas da vida.
Que dizer desse texto, eu que achava que nada me tocaria mais profundo do que as framboesas.
Um abraço, amigo.